sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Dia 3: Benefícios da Meditação

Tanto o processo da meditação quanto seus efeitos são campos crescentes de estudos neurológicos desde os anos 1950. Técnicas e instrumentos científicos modernos como o eletroencefalograma e a ressonância magnética vêm sendo usados para estudar como a meditação comum afeta as pessoas, medindo alterações corporais e cerebrais.

Um curso de oito semanas de redução de stress através da meditação Mindfulness induziu mudanças nas concentrações de massa cinzenta em seus alunos. Análises exploratórias do cérebro inteiro identificaram aumentos da concentração de massa cinzenta no PCC, TPJ e no cerebelo. Esses resultados sugerem que a participação nesse tipo de curso está associada a mudanças em áreas do cérebro envolvendo aprendizado, memória, regulação emocional, processos auto referenciais, e tomadas de perspectiva. Provou-se também que a meditação altera a pré-cunha do lobo parietal (percepção e linguagem). Foram encontradas relações positivas entre o volume de massa cinzenta na pré-cunha, a prática de meditação, e a pontuação num reconhecido teste subjetivo de felicidade: o Questionário de Oxford. Meditadores de Raja Yoga do Brahma Kumaris também mostraram maior felicidade neste teste do que o grupo de controle.

Descobriu-se que os córtices cingulares (supracalosos) podem ser relativamente desativados durante a meditação. Meditadores experientes apresentaram junções mais fortes que o comum entre várias regiões do cérebro durante a meditação e inclusive quando não estavam meditando. A maioria desses córtices está relacionada ao aprendizado, humor, atenção e memória.

Estudos de 1984 e de 2000 demonstraram que a meditação afeta, tanto em curto prazo quanto em longo prazo, várias faculdades da percepção. Provou-se que mestres de Zen podem filtrar eventos sutis, reduzindo a interferência de ruído na visão, audição, olfato e tato.

O Mind-Body Institute, filiado à Universidade de Harvard e a vários hospitais de Boston, relata que a meditação induz uma enxurrada de mudanças bioquímicas e físicas que eles, coletivamente, chamam de “Relaxation Response”. Ela inclui mudanças no metabolismo, batimento cardíaco, respiração, pressão sanguínea e química cerebral. Estes pesquisadores, liderados por Herbert Benson, também fizeram estudos clínicos em monges budistas no Himalaya para documentar os benefícios da meditação em 1975.

A atividade no eletroencefalograma diminui como resultado da meditação. O sistema nervoso humano é composto de um sistema para-simpático, que diminui os batimentos cardíacos, a respiração e outras funções motoras involuntárias, e o sistema simpático, que excita o corpo e o prepara para intensa atividade. O National Institutes of Health registrou que “acredita-se que alguns tipos de meditação podem diminuir a atividade no sistema nervoso simpático e aumentar a atividade no para-simpático” Ou seja, que a meditação produz uma redução na excitação e um aumento no relaxamento.

Segundo Arthur J. Marr, a meditação Mindfulness (Vipassana), a meditação “Mindfulness da Respiração” (Anapana) e outras técnicas relacionadas, podem treinar a atenção para provocar insights. Uma atenção mais ampla, duradoura e flexível tornaria mais fácil estar ciente das situações e facilitaria a obtenção de um estado de alerta criativo chamado de “Flow” (Fluxo).

O envelhecimento é um processo acompanhado por um decréscimo no peso e no volume do cérebro. Estudos ao longo da última década indicam que a meditação é um fator de neuroproteção contra a atrofia cerebral relacionada ao envelhecimento em algumas regiões do cérebro. Estudos similares também incluiram componentes comportamentais e de desempenho com igualmente positivos resultados. Esses estudos descrevem associações, mas ainda não foram provadas as causas e os processos envolvidos na relação entre meditação e longevidade. Acredita-se que as práticas meditativas melhoram o equilíbrio endócrino a favor da excitação positiva e diminuem a oxidação provocada pelo stress e pela excitação negativa, encurtadores dos telômeros. A meditação talvez promova longevidade celular diminuindo os hormônios de stress e de oxidação e/ou aumentando os hormônios que protegem os telômeros.

Conforme a medicina avança no interesse por tratamentos até pouco tempo considerados alternativos, a engenharia também evolui na criação de aparelhos cada vez mais precisos. Isso permite que as conclusões das pesquisas e testes sejam cada vez mais sólidas. A tendência é comprovar os benefícios da meditação antes relatados somente no plano subjetivo: Aumento das capacidades de atenção, aprendizado, memorização, tomada de decisões, controle emocional, percepção em geral (cinco sentidos), percepção do mundo, autopercepção. Alterações metabólicas benéficas para o corpo como um todo, incluindo regulação das funções motoras involuntárias e equilíbrio hormonal. Aumento das sensações de contentamento, satisfação e alegria. Proteção das células cerebrais contra os efeitos do envelhecimento. Aumento da capacidade de entrar num estado de alerta criativo chamado “flow”.

Assim como qualquer prática, a meditação pode ser usada para evitar o enfrentamento de problemas ou crises emergentes na vida do meditador. Nestes casos, seria melhor aplicar atitudes atentas e conscientes adquiridas na meditação enquanto se envolve ativamente com as questões atuais. A meditação tampouco pode ser usada como um substituto dos tratamentos de saúde convencionais nem ser uma razão para adiar uma visita ao médico.


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Quem sou eu

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Tenho 38 anos e sou brasileiro-espanhol. Sou faixa preta shodan e discípulo, desde 1999, do Mestre Luiz Rodolfo Ortiz, 8º dan de Karate e 5º dan de Kobudô. Minha faixa de Jiu-Jitsu Brasileiro é roxa. Dou aulas de Segunda a Sábado no Dojô CiB em Copacabana. Sou bacharel pela UFRJ e também formado em Ilustração pela Escola Massana da Universidade Autônoma de Barcelona.